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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

"Quer saber de uma coisa?  Tudo pode ser bom, ruim e principalmente assim assim.  Tudo ao mesmo tempo ou não, e não necessariamente nessa ordem.  Bom é chegar na praia à tardinha, anuncio de por de Sol, a água de ondas mansinhas.  Jogar bola na espuma e sob o céu encaixa como se fora Tafaréu.  É bom também quando começa a chover e as gotas fazem cócegas na superfície do mar. Como se um cardume infinito prometesse matar a fome de todo o Vidigal, Rocinha, Cidade de Deus e Vigário Geral.  Ruim é lembrar daquele amigo que de prancha na mão morreu de um beijo roubado de um raio, da lembrança a correria. O medo... o medo... medo é bom, ruim é o medo de ter medo!  Bom voltar trocar chuva por chopp e passar atrás da pelada. A bola vai pra fora e como na crônica de Rubem Braga sobra pra você.  Que mata no peito faz embaixadinha e devolve redondo...  Num chute perfeito.  Ruim é a fisgada na coxa sair mancando disfarçadamente... A vergonha de ta decadente não é ruim, ruim é o orgulho que se nega a reconhecer a decadência.  É bom a cidade estranha em que você nunca esteve e sabe que nunca mais vai voltar. E nesse lugar você tem uma obrigação sem graça que cumpre com estilo e precisão traçando um dia perfeito no arco do tempo.  Quando cai a noite é bom tomar um banho e sob o chuveiro é bom sentir saudade, ruim é não ter saudade, e como é bom sair sem direção pelas ruas da cidade pensando no que você fez da sua vida e no que a vida fez em você. Bom é sonhar, realizar não é tão bom, mas ruim mesmo é não realizar.  O fim de um grande amor é muito, muito ruim, um grande amor não tem fim!  Bom é amar, ruim é amar...  Bom é encarar a vida com fantasia.  Quando um poeta desaparece é bom colocar chapéu de Bogar que tudo pode solucionar... Ruim é encontrar o precipício, morrer não deve ser tão ruim assim... E pode ser bom falar sobre bom e ruim, e pode ser pior assim assim... Bom!"

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