Avô: Como é que é?
Menina: Por que as "pessoas grandes" vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com alguma coisa?
Avô: Bem, minha filha, muitas vezes porque elas foram ensinadas a viver assim.
(Silêncio...)
Menina: Vó...
Avô: Oi...
Menina: Como as pessoas podem ser ensinadas a viver mal? Não consigo entender.
Avô: É que não percebem que foram ensinadas a ser infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim. Você está entendendo, não é, meu amor? Você lembra da história do patinho feio?
Menina: Lembro.
Avô: Então, o patinho se considerava feio, porque era diferente de todo mundo. Isso o deixava muito perturbado tão infeliz que um dia ele resolveu ir embora e viver sozinho. Só que o lago que ele procurou para nadar tinha congelado, estava muito frio. Quando ele olhou para o seu reflexo no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso cisne. E assim se juntou aos seus iguais e viveu feliz para sempre.
(Mais silêncio)
Menina: O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas?
Avô: Bem, quando nascemos, somos separados da nossa "natureza-cisne". Ficamos como patinhos, tentando caber no que os outros dizem que está certo. Então, passamos muito tempo tentando virar patos.
Menina: É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas?
Avô: Isso! Viu como você é esperta?
Menina: Então é só a gente perceber que é cisne que dá tudo certo?
(A avó engasgou...)
Menina: O que foi, vovó?
Avô: Na verdade, minha neta, encontrar o nosso verdadeiro espelho não é tão fácil assim. Você lambra o que o patinho precisava fazer para se enxergar?
Menina: O quê?
Avô: Ele primeiro precisava parar de tentar ser um pato. Isso significa parar de se encontrar.
Menina: Por isso ele passou muito frio, não é, vovó?
Avô: Passou muito frio e ficou sozinho no inverno.
Menina: Por isso o papai anda tão bravo e sozinho?
Avó: Como é, minha filha?
Menina: Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro
(Ficaram em silêncio por algum tempo...)
Menina: Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato?
Avó: Nós todos somos, querida.
Menina: Ele vai descobrir quem ele é, de verdade?
Avô: Vai, minha filha, vai. Mas, quando estamos no inverno, não podemos desistir nem esperar que o espelho venha até nós. Temos que procurar ajuda até encontrarmos.
Menina: E ai virarmos cisnes?
Avó: Nós já somos cisnes. Apenas deixamos que o cisne venha para fora e tenha espaço para viver.
(A menina deu um pulo d cadeira.)
Avó: Aonde vai?
Menina: Vou contar para o papai o cisne bonito que ele é. A boa avó apenas sorriu...
Fonte de Referência:
SESI EMPREENDE- Desenvolvendo atitudes empreendedoras. Caderno educando (Despertando para o futuro) Porto Alegre:, 2006
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